Antonio Meneghetti

Antonio Meneghetti, fundador da OntoArte

Aprendemos a ver a arte segmentada em disciplinas, a partir da visão cartesiana, bem como construímos a imagem de expoentes artistas, cada um especializado em determinada técnica. Mas Antonio Meneghetti (1936-2013) viu a arte como um humanista e, como tal, a experimentou e viveu em todos os momentos de sua vida.

As quase oito décadas de Antonio Meneghetti o levou da região de Abruzzo, na Itália, ao grande cenário da arte contemporânea mundial, em uma trajetória e carreira artística raramente vista, as quais, através de suas obras, ainda inovam e reinventam a arte.

Meneghetti recebeu alguns dos principais prêmios e homenagens do setor artístico mundial, em reconhecimento à genialidade e contribuição para a história da arte. Foi membro, desde 1986, do Senado Acadêmico da Academia Internacional de Arte Moderna, com a motivação de “artista a ser inscrito entre as mais prestigiosas figuras do nosso tempo”. Em 1980, 1987 e 1989, recebeu como artista o “Prêmio Cultura do Conselho de Ministros da República Italiana”. Este reconhecimento aponta os melhores que se distinguem ao longo de cada ano, na Itália, pela qualidade de sua realização e do empenho na atividade desenvolvida.

No Brasil, a Academia Internacional de Cultura de Brasília, em 1997, lhe conferiu o título de Membro titular. Em 2011, o Egrégio Conselho da Ordem do Mérito da Federação das Academias de Letras e Artes do Estado de São Paulo – FALASP – lhe concedeu a Comenda Mérito Anhanguera FALASP. Novamente na Itália, em 2000, recebeu a Medalha de Ouro da Academia Internacional de Arte Moderna por Francesco De Benedetta, na ocasião Presidente da Academia. “Desejamos que a OntoArte se torne em breve patrimônio da coletividade para uma melhor leitura das obras de arte contemporâneas e modernas”, exclamou De Benedetta por ocasião da entrega do prêmio.

“Na vida, tudo é busca do belo. A vida é só arte; fazer arte é uma necessidade, porque somos viventes e uma vez que devimos, se entramos em repetição, é inevitável a doença: a água quando para, estagna”. Antonio Meneghetti

Meneghetti recebeu uma formação rara para os nossos tempos no âmbito da arte clássica, entre os 12 e 30 anos. Vivenciou seu aprendizado artístico com as técnicas italianas tradicionais, principalmente as originárias do vale espoletano, na região da Úmbria. Este território foi o berço de importantes produções artísticas e intelectuais do Humanismo e do Renascimento, local onde se desenvolveram artistas como Giotto, Perugino, Masaccio, Pinturicchio, Piero della Francesca, Beato Angelico. Estes mestres pintores inspiraram toda uma geração de artistas que mudaram a história da arte e da humanidade, tais como Michelangelo Buonarroti, Leonardo Da Vinci, Rafaelo di Sanzio, entre outros. Meneghetti vivenciou diariamente as obras desses mestres artistas, frequentou diversos ateliês de mestres artesãos italianos e, durante sua juventude, participou da restauração de obras da Igreja de São Francisco, em Foligno, habilidade que, depois, levou a Veneza, onde trabalhou em reparações da Basílica de Santa Maria Gloriosa dei Frari. É a partir desta formação singular que nos anos de 1960 passa a pintar suas primeiras obras.

No texto de apresentação do Catálogo Internacional de OntoArte, publicado em 2012, que reúne a produção pictórica do artista, organizada pela primeira vez em um catálogo de 1457 páginas, Francesco De Benedetta relata: “Podemos afirmar que Meneghetti é um artista completo, que apaga os conhecimentos e as exigências dos expertos, mas agrada pela vitalidade cromática e dinâmica do signo também ao homem comum, desde que observador atento”. De fato, é difícil passar despercebido diante de uma obra artística de Meneghetti, independente do conhecimento artístico do expectador.

Nas últimas décadas, realizou mais de quarenta exibições pessoais em alguns dos maiores centros culturais do mundo. Dentre elas, destaca-se a primeira exposição oficial de OntoArte que ocorreu entre 9 e 13 de maio de 1981. Para a mostra, Meneghetti escolheu como moldura os sóbrios e reais ambientes de Rocca Paolina, em Perúgia, na Itália, castelo medieval que foi reaberto para esta ocasião, após anos de restauração. Em 1992, realiza uma exposição individual com pinturas, esculturas e cristais de Murano, no Corderie dell’Arsenale, em Veneza. O espaço que abriga a Bienal de Veneza, desde 1895, raramente abre as portas para a exposição de um artista individual, como foi o caso de Meneghetti que expôs 300 obras na ocasião. E, em 2011, a Galeria Nacional da Úmbria, principal acervo de arte medieval e renascentista da Itália, abriu suas portas para uma conferência e exposição de OntoArte dentro do medieval Palazzo dei Priori, em Perúgia.

Os principais espaços de arte da Federação Russa abrigaram suas obras em exposições e conferências sobre OntoArte. Dentre os eventos realizados, destacam-se as conferências e uma exposição no Hermitage, em São Peterbsurgo (1998 e 2011), e no Palácio Stroganov (2001), prédio pertencente ao Museu Russo, criado pelo Czar Nicolau II, em 1898.

No Brasil, Meneghetti também teve extensa atuação artística. Em 1995, realiza um Congresso Internacional sobre Criatividade, em Salvador, na Bahia. No ano seguinte coordena um seminário de OntoArte com o tema “Criatividade: pressupostos teóricos e práticos”, no grande auditório do MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Três anos antes, encontra-se com o arquiteto Oscar Niemeyer, ocasião em que Meneghetti lhe confere o título honoris causa em OntoArte.

Presente em diferentes continentes, exposições permanentes de OntoArte estão ao alcance do público na Itália (Trevi e Marudo), na China (Pequim), na Ucrânia (Kiev), na Rússia (São Petersburgo e Moscou), na Alemanha (Berlim) e no Brasil, em São Paulo, e na recente Galeria de OntoArte Recanto Maestro, último espaço cuidadosamente delineado e montado pelo artista, localizado no Centro Internacional de Arte e Cultura Humanista Recanto Maestro, na região central do Rio Grande do Sul.

Uma das expressões do movimento OntoArte que mais se propagou nos últimos anos foi a música. E Antonio Meneghetti atingiu um nível de competência musical também a partir de uma diferenciada formação. Estudou canto na infância e participou de corais, como o coral de São Francisco, em Gubbio, na Itália; frequentou aulas de órgão e piano, segundo a severa disciplina dos conservatórios e, na Igreja de Santa Cruz, em Florença, passou a estudar música sacra. Conheceu os construtores de órgãos de música sacra, Pinchi e Giunti, que o encorajam a prosseguir com seus estudos. Aperfeiçoou o canto gregoriano na Escola Cantorum da Basílica de São Francisco, em Assis, sob a direção do Padre Domenico Stella e Padre Capponi. Aprendeu com eles as muitas distinções do canto polifônico: de Giovanni Pierluigi da Palestrina, a Lorenzi Perosi e Perugino Prefice. Meneghetti tornou-se um refinado pianista, autor e maestro de peças de música clássica contemporânea.

A obra e as realizações artísticas de Antonio Meneghetti estão resguardadas e serão perpetuadas pelas atividades das Fundações que criou no Brasil, na Suíça e na Rússia. Na Itália, a OntoArte é representada pela Associazione Scuola Internazionale di OntoArte, fundada na década de 1980. No Brasil, a OntoArte é representada pela Associação OntoArte, uma instituição sem fins lucrativos que promove e divulga o movimento no País.

Em sua história de vida, Meneghetti renovou a arte. Ele foi “o principal representante de uma escola artística, mas não pelos conhecimentos do saber humano do qual Antonio Meneghetti pode ostentar-se orgulhosamente, mas por aquilo que faz, não por aquilo que diz”, afirma Francesco De Benedetta. E suas ações já fazem parte do patrimônio da humanidade e continuarão a escrever a história da arte, através da OntoArte.

Biografia oficial: www.antoniomeneghetti.org.br